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08/09/11

Alma, coração e vida.

Estilhaça-me, mas não me partas nunca.
Ainda me lembro das nossas longas conversas, daquelas conversas sapientes e reconfortantes que atiraram para trás das nossas costas um passado sinuoso. Ainda me lembro das piadas e do som dos nossos risos a ecoar no passar do tempo. Ainda me lembro da partilha de histórias de vida, e conselhos de quem a experiência foi mais amiga.
Ainda me lembro do primeiro dia que te conheci.
E sabes o que mais me abisma? Como a minha vida agora é a conjugação perfeita do verbo ser: Eu sou, Tu és, Nós somos. Completaste o outro lado de mim, o meu lado selvagem e indomável, e é por isso que nos damos tão bem. Não procuras extinguir o fogo do meu olhar, procuras sim, alumia-lo; não procuras pôr pedras no meu caminho, mas sim levanta-las quando me faltarem as forças; não procuras enclausurar-me numa gaiola, mas sim libertar-me das amarras da vida. Procuras acima de tudo fazer-me feliz, e isso consola o meu coração que viveu morto de dor.
Tudo acontece por uma razão, e começo a acreditar que não apareceste por acaso, nem que vais passar sem deixar marca. Sabes como sei que há uma razão para tudo na vida? Porque encontro hoje tudo aquilo que ontem não tive, e procurando onde a minha vida mudou, só encontro um relance de mudança, tu. Foste tu que tudo inovou, e tudo trouxe de volta à normalidade. Foste tu que me trouxeste de volta à tona da água, e não me permitiu afogar a minha identidade. Foste tu que me disseste para ser o que sou sem arrependimentos, que me fizeste encarar o espelho e perceber o valor que tinha.
Sabes, por vezes, quando caminhamos lado a lado, imagino as nossas pegadas na areia. Arquitecto o recorte perfeito dos nossos pés no areal, e vislumbro-o a permanecer inerte depois da lavagem do mar. Continuo a apontar um rasto de pegadas marcadas na areia como em cimento puro. Talvez esta não seja a metáfora mais singela, mas o que quero dizer é que nos imagino fortes e divergentes do banal. Olhamos o mundo como quem olha por um caleidoscópio, deslumbramo-nos com as cores e formas, mas o importante é que as vemos com a mesma intensidade, e isso permite-nos um entendimento mútuo surreal. A capacidade de ver por os olhos um do outro permite sentir o que as palavras não conseguem explicar.
Imagino-nos a permanecer intactos apesar das adversidades da vida, tal como as pegadas se mantinham intocáveis perante o deslize das águas salgadas.
Não deste uma volta à minha vida, acho que a enrolaste em verdade absoluta e me mostraste o Mundo. E agora que o vejo, sorrio permanentemente.
Haverá drogas que causem esta intoxicação que eu sinto, este estado embriagado de felicidade, mas, esses mesmos narcóticos apenas estarão a envenenar o corpo e a mente, enquanto tu, revitalizas aquilo que eu julguei ter morrido antes de nascer.
Não importas, és necessário.
                                                                                                                                     
M.


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