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20/09/10

Jogo do amor

O amor é um caminho conturbado e cheio de percalços. Mas é um caminho que quando feito a dois, não importa quantas vezes se caí, quantas vezes os nossos joelhos revelam a carne ensanguentada; não importa quantas vezes paramos na borda da estrada, cansados; não importa quantas vezes continuamos sem medo de lutar.
No jogo do amor, não existe game over. E sempre que achamos que tudo cessou, acabamos por descobrir um "check point" que nos permite avançar, que nos possibilita seguir com as coisas, mesmo de onde tudo ficou.
Mas atenção, nem toda a gente pode jogar o Jogo do Amor, porque este "jogo" não foi concebido para desistentes, mas sim para guerreiros imbatíveis.
O amor é como qualquer jogo, apenas porque o estas a jogar não quer dizer que consigas passar o jogo até ao fim – especialmente porque é bem mais fácil desistir do que tentar, tentar…- , apenas porque o estas a jogar não quer dizer que saibas desfrutá-lo, apenas porque o jogas não quer dizer que saibas jogar. Igualmente, apenas porque se têm uma relação não quer dizer que se ame a pessoa com quem se esta, da mesma forma que nem sempre se aprende a valorizar o que se tem de bom. Mas especialmente, jamais cogitem que apenas porque dizem “amo-te” isso seja verdade.
Em verdade vos digo que muita gente vive com relações, mas não vive com amor.
E por fim, a vida há-de usufruir do seu “game-over” e a maioria das pessoas não terá um “check point”, não terá uma final oportunidade de descobrir o amor. E assim o jogo acaba, sem que muita gente o consiga terminar.

15/09/10

Arame farpado

"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."
Sigmund Freud


Gostava de ser de ferro todos os dias; gostava de enclausurar a minha mente numa gaiola de ferro, e não permitir que ela viaje para fora do meu corpo, deixando-o sozinho a enfrentar as feras no dia-a-dia.

Gostava que o meu corpo nunca anuísse ao stress, gostava de ter um esqueleto vigoroso que não permitisse que a minha mente enferrujasse o meu corpo.
Gostava de ser talhada de ferro, e que a minha mente fosse igualmente invicta.
Estou farta da minha mente e da sua “carne” podre; estou farta que a minha mente não seja capaz de viver sem pessoas que me putrefazem a vida; estou farta de não ter força para me fazer a mulher que sou.
Estou farta de me sentir farta; estou farta de não dar tudo que me faz quem sou; estou farta de ter medo do tempo que me escapa por entre os dedos.
Estou farta de achar que por ter um coração de carne, não posso construir uma vida de ferro.
Só agora me apercebi…não tem mal nenhum ter um coração de carne, de me indisciplinar com a vida, de acordar num dia mau, de responder mais ou menos torto a alguém, de sentir a falta de quem me magoa, de dar a mão a quem já nela cuspiu muitas vezes. Não faz mal nenhum ter um coração de carne, e de continuar a ajudar quem caí perante os meus olhos, mesmo que eles não me levantem quando eu tombar; não faz mal nenhum perdoar quem me pede desculpa, mesmo que já o tenha feito um numero indefinido de vezes; não faz mal ser humano. Isso não me torna menos apta no meu carácter, torna sim menos apto quem dele se aproveita. Eu não sou mais ou menos capaz como pessoa, porque escolho não ter um coração de ferro.
Contudo, está na altura de me deixar de “princesismos” e de pegar na minha armadura e fazer-me à vida; na mão levarei a minha espada, e não vacilarei. Não hesitarei em trucidar tudo aquilo que entupir o meu caminho.
Serei sempre uma princesa de coração de carne, mas por agora, vou vestir a minha armadura e proteger-me das flechas da vida.

14/09/10

Presa vs. Predador

Na vida ou somos presas, ou predadores.

A vida é feita para nos pôr à prova nas situações mais árduas; e o intuito disso é bem simples se pensarmos bem: é nas situações mais bicudas que acusamos a nossa verdadeira essência, e é nelas que revelamos quem deveras somos.
É muito fácil usarmos truques de ilusionismo, e mascararmos os nossos instintos mais primitivos perante meros observadores. Da mesma forma que é fácil tecer censuras às vivências de outrem, chamando-lhes de presas e aclamando-nos de predadores. Todavia, é muito fácil acharmos que somos uma coisa ilusória para escondemos a nossa verdadeira pele.
Os verdadeiros predadores da vida, são as presas caros amigos.
Ledo é o engano de quem julga que as presas são frágeis e de débil inteligência. A verdade é que as presas só se deixam “caçar” se estiverem desacauteladas, ou até mesmo por vontade oportuna; já os predadores não passam de uma patética espécie de vida que se alimenta da “vida” das presas para ficarem saciados.
De facto, nem este texto retrata nenhuma cadeia alimentar, nem fala da Natureza animal…esperem… a realidade é que este texto reflecte exactamente a Natureza animal (do ser humano).
É francamente caricato como a maioria da gente se acha maior que aquilo que é; como se acha melhor que aqueles que não conhece; é sinceramente mentecapto ser-se um predador de pessoas.
Não existe vida própria em quem caça a vida de outrem; não existe salvação qualquer para quem se alimenta das desgraças dos outros; não existe glória nenhuma em sentir felicidade quando os distintos caiem ao chão. Isso não é felicidade, é uma imensa podridão que nos envenena, tornando-nos predadores de pessoas.



08/09/10

Quebrar correntes

Quem ama não tem medo de mudar, mesmo que a mutação signifique reconhecer e trabalhar os defeitos que quase todos nós recusamos admitir ter.
Quem ama não tem medo de dar, mesmo que isso signifique oferecer tudo que possuí, mesmo que signifique ficar num estado de “pobreza” absoluta; quem ama, não tem medo de ficar sem nada se isso lhe garantir um sorriso e uma pessoa para partilha-lo.
Quem ama não tem medo de ouvir, mesmo que isso signifique ouvir juízos ao nosso carácter.
Quem ama não tem medo de admitir, mesmo que isso signifique tirar o nosso ego das nuvens.
Quem ama não tem medo de receber conselhos da pessoa com quem partilha um coração, mesmo que isso signifique pesar numa balança os seus projectos e a realidade.
Quem ama não tem medo de ser feliz, mesmo que isso signifique desgastar a “sola” dos pés de tanto correr; mesmo que isso signifique destruir a voz de tanto gritar à chuva; mesmo que isso signifique que os nossos joelhos estaquem em carne viva; mas que isso signifique ter de nos trucidar de tanto debater.
Quem ama não tem medo de viver, mesmo que isso signifique perder o medo por amor.


Mas, afinal de contas, não é o amor que nos mantém vivos?

07/09/10

Offline

Foi a última vez que me dei ao trabalho de reimplantar laços com pessoas que não se prestam a retribuir o que eu ofereço de bom agrado.
A partir deste dia, que ninguém se estranhe se eu não combinar mais nada com vocês, se eu não me dignar a marcar saídas com pessoas que não me fazem sentir dentro de um grupo, podem ter a certeza que já em nada me apraz as vossas conversinhas da treta, e que tal como as nossas vidas deixaram de coincidir, garanto-vos que o meu espírito já não sente a vossa falta, quando realmente nunca deveria ter sentido.
Desculpem, se me decido em fechar portas a pessoas que me usam como último recurso, mas a verdade é que a mim ninguém me abriu nem portas, nem janelas mesmo quando eu vos escolhia como primeira opção.
Eu cresci, muito mais do que vocês, isso vê-se a olhos desnudados, principalmente em relação aos meus actos comparando-se com os vossos.
Eu não mereço desprezo de quem diz que gosta muito de mim, eu não sirvo só para aparecer quando vos convém, eu não sirvo só para vos ajudar quando não têm porto de abrigo; por isso, fiquem com o vosso gostar falacioso, eu não vou aparecer mais, nem vou muito menos socorrer quem apenas me vê como um bote-salva vidas.
Eu tenho inúmeras pessoas na minha vida, que me fazem feliz todos os dias, em vez de me irem apagando aos pedacinhos.
Já amadureci, e com isso tenho de erradicar os frutos que apodrecem a minha vida.
Não me importa o que vocês acham ou deixam de achar, se leram este texto leram, senão paciência. Eu não vou mais arrastar atrás de mim peso morto. Eu não vou andar mais atrás de pessoas que já não me preenchem.
Passamos todos bons momentos, mas eu não vou mais compelir a minha vida atrás da vossa mísera existência.
Desejo-vos tudo de bom, mas eu desligo-me agora.

01/09/10

Há mais marés que marinheiros

Minha querida amiga

As pessoas podem iludir os que os rodeiam, podem convencer-se a elas próprias com ilusões, mas não há como iludir o coração que vive da verdade.
Quando as pessoas chegam a uma fase que se deleitam em vaidade e egocentrismo, esquecem-se que todos nós ganhamos rugas, que a beleza vai-se esfumando com o tempo, e que todos nós tropeçamos em pedras, mas é quando isso acontece que se encontra a verdadeira síntese da existência da vida.
É quando a nossa pela fica cravada de sulcos da vida, que precisamos do nosso amor, para mesmo assim, nos dizer todos os dias que somos tão atraentes como no primeiro vislumbre a seus olhos; é quando esbarramo-nos contra uma pedra, que precisamos de quem nos erga e oriente no caminho certo, e mais do que isso, é quando caímos que precisamos de alguém que nos apazigúe as feridas.
Sabes, se ele se perdeu num mar de ilusões e contos e ditos, deixa-o ir com a maré; um dia ele dará à costa. Mas nesse dia, ele não te terá, tu, o farol que o guiava por entre o nevoeiro cerrado, que o guiava pelas trevas da noite; nesse dia que ele der à costa, o Sol brilhará bem lá no alto, e mesmo assim ele não vai enxergar o caminho dele, e vai-se virar para a luz do farol, à espera que ela encandeie ainda mais aquele dia resplandecente de clarividência; mas, ao olhar para o farol, ele vai descobrir que ele de dia não alumia nunca.
Da mesma forma, que vai descobrir que quando se acorda para a realidade, e mesmo que ela deixe de ser uma noite tenebrosa e se metamorfoseia num dia resplandecente, não quer dizer que as coisas continuem todas nos mesmos sítios, nem que os faróis se acendam de dia.